Novo presidente admite que existiam "grupos" no TJMT

O novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) José Silvério Gomes admitiu após sua posse a existência de grupos políticos dentro do Poder Judiciário, que conforme se especulou nos bastidores teriam protagonizado o episódio que culminou na aposentadoria compulsória dos 10 magistrados.

Ao ser questionado sobre os motivos que teriam incentivado seus colegas a o elegerem, Silvério respondeu que pode ter contribuído o fato dele nunca ter pertencido a “nenhum dos grupos” que existiam dentro do Tribunal. “Nunca tive ressalva com nenhum dos meus colegas. Além disso, nunca pertenci a nenhum dos grupos que existia aqui. Mas tudo isso é coisa do passado”, argumentou.

Sobre o escândalo envolvendo magistrados em esquema de desvio de dinheiro público para beneficiar mações, o desembargador foi contundente. “Isso tudo é passado”, insistiu. Em seguida, o desembargador afirmou que o objetivo de sua gestão será “reerguer a instituição”.

“Presidi o Tribunal Regional Eleitoral e quero utilizar toda experiência que tive lá aqui. Precisamos erguer o TJMT. Para isso, devemos trabalhar com harmonia”, disse durante entrevista.

O novo presidente garantiu que em sua gestão não haverá pagamento de créditos a magistrados. E ressaltou, “se houver pagamento, ele será feito igualitariamente”. Silvério assumiu compromisso também junto aos servidores do Tribunal.

Ele assegurou também que manterá diálogo com os funcionários do Judiciário e que o pagamento de benefícios solicitado pelos servidores, objeto de paralisação que durou aproximadamente um mês, só depende da aprovação do CNJ.

Silvério foi eleito com 23 dos 25 votos dos integrantes do Pleno. Em seu discurso de posse, o novo presidente disse ter consciência que a qualquer momento o ex-presidente Mariano Travassos, afastado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pode voltar a presidir o Tribunal, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) defira recurso impetrado.

O desembargador assume mandato tampão até fevereiro do ano que vem. A eleição atípica ocorreu em decorrência da decisão do CNJ que decretou a aposentadoria compulsória do ex-gestor, desembargador Mariano Travassos, outros dois desembargadores e ainda sete juízes por desvios de recursos do TJ.

Eles são acusados de tráfico de influência, desvio de recursos do Departamento de Pagamento a Magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, quebra de decoro e falta de ética, troca de indexadores para aumentar valores de crédito e beneficiamento a um grupo que socorreu uma cooperativa de crédito falida que funcionava dentro da Maçonaria.

O relator do processo, Ives Gandra, disse que diante das provas os pagamentos foram feitos de forma irregular, sem a devida comprovação, sem a utilização de um critério claro e de forma a beneficiar apenas um grupo ligado a José Ferreira Leite.

Da Redação Olhar Direto - Sabrina Gahyva

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