Cúpula do PMDB evita falar sobre prisão de dirigentes

RAFAEL COSTA E HUMBERTO FREDERICO
DA REDAÇÃO MÍDIA NEWS

O Diretório Estadual do PMDB decidiu permanecer em silêncio diante da prisão de dois membros da executiva estadual, na quarta-feira (7), durante a Operação Hygeia, da Polícia Federal. Foram presos o secretário-geral Rafael Bastos e o tesoureiro do partido, Carlos Miranda, além de José Luiz Bezerra, sobrinho do presidente regional do PMDB, Carlos Bezerra.

A assessoria de imprensa informou que a cúpula partidária não tinha conhecimento dos autos do processo e, somente após ter ciência das acusações, irá se manifestar.

Durante todo a quarta-feira, o deputado federal Carlos Bezerra permaneceu incomunicável. Em momento algum, atendeu aos telefonemas feitos aos seus celulares, e a única informação repassada pelo seu gabinete, em Brasília, era de que "estava em sessão, na Câmara dos Deputados".

Informações dão conta que Bezerra se reúne, ainda nesta semana, com advogados do PMDB para identificar qual solução é a mais viável, diante do caso em questão.

Uma "tropa de choque" do PMDB já está sendo montada para evitar que a prisão de dirigentes partidários possam afetar a imagem do governador Silval Barbosa, recém-empossado no cargo, em substituição a Blairo Maggi (PR). Silval é pré-candidato à reeleição.

Os homens de Bezerra

Um dos presos, Rafael Bastos, é considerado de extrema confiança de Bezerra. Após integrar a Juventude do PMDB, tornou-se um dos seus assessores diretos e com fácil trânsito junto ao deputado Carlos Bezerra.

A influência perante o cacique do PMDB chegou a um ponto, que Bastos chegou a ser considerado a terceira força do partido, perdendo apenas para o próprio Bezerra e Silval Barbosa.

Conforme MidiaNews antecipou ontem, na coluna Fogo Amigo, antes da posse, Bezerra chegou a sugerir, em conversas reservadas, a indicação do tesoureiro do partido, Carlos Miranda, para a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) e Secretária de Estado de Administração (SAD), o que foi rejeitado pelo grupo de Silval Barbosa.

Imagem afetada

A Operação Hygeia, desencadeada pela Polícia Federal E que prendeu 76 pessoas em Mato Grosso, está afetando, negativamente, a imagem não apenas o PMDB, PT e DEM, três siglas que pleiteam candidaturas majoritárias, nas eleições de outubro.

Os deputados federais Carlos Bezerra (PMDB) e Carlos Abicalil (PT), a senadora Serys Slhessarenko (PT) e líderes do DEM terão desgastes na imagem em função da prisão de assessores diretos, em função de alguns dos seus principais homens de confiança, na cúpula peemedebista.

Carlos Abicalil também terá problemas, já que o empresário "aloprado" Valdebran Padilha, que pertence ao grupo político do petista, também foi preso. Padilha tinha sido acusado de ter encomendado dossiês contra políticos do PSDB em 2006, e na investigação constatou-se que a encomenda teria sido feita por Abicalil. Ontem, em nota, ele negou ligações com o empresário.

O petista Ídio de Barros Nemésio, que também foi preso, é ligado ao grupo de Serys. Ele foi candidato à presidência do PT de Várzea Grande, com apoio da petista.

O DEM tentará se afastar do ex-prefeito de Santo Antonio de Leverger, Faustino Dias Neto. Depois de ter seu mandato cassado por compra de votos, o democrata também foi preso na Operação.

Outro lado

Carlos Bezerra, por meio de assessoria, informou que vai se pronunciar sobre o assunto somente após os advogados do PDMB analisarem o motivo das prisões.

A assessoria de Abicalil também negou que o parlamentar mantenha contato com Valdebran. A outra petista, Serys, declarou que mantém com Ídio "apenas relação cordial com um militante da mesma sigla".

O presidente do diretório regional do DEM, Oscar Ribeiro, disse que vai analisar o caso de Faustino, para só depois tomar uma decisão em relação à filiação do ex-prefeito.

Comentários