Expliquei tudo ao Silval, diz membro do PMDB a Valdebran; veja diálogo

Falas cuidadosas, com o intuito de evitar detalhes, e influência política. Essas são as características das ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal durante as investigações relacionadas à Operação Hygeia, deflagrada na última quarta (7). O RDNews traz, com exclusividade, a íntegra de uma das conversas que ajudaram a PF a identificar os principais agentes do esquema de desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e direcionamento de contratos. Uma das conversas grampeadas, entre o 1º tesoureiro do diretório estadual do PMDB, Carlos Roberto Ribeiro de Miranda, e o lobista Valdebran Padilha revela a ligação estreita entre empresários e agentes públicos. Eles mencionam que pediram a intervenção do então vice-governador Silval Barbosa (PMDB) e do deputado federal Pedro Henry (PP) na liberação de recursos. “Com a garantia que o Silval falou, que ta lá, que ta tudo certo, que nem precisa preocupar”, diz o peemedebista, num dos trechos.

Na gravação interceptada em 18 de fevereiro do ano passado, Valdebran conversa com Carlos de Miranda sobre um empréstimo que estaria negociando com uma pessoa conhecida por Marilena. Além de demonstrar como se davam as negociações, o diálogo aponta predomínio da influência política na viabilização dos repasses de emendas parlamentares a empreiteiras e às Oscips Creatio e Idhea. Carlos de Miranda, segundo a PF, atuava como elo entre o núcleo empresarial e os agentes públicos. Da mesma forma, Valdebran, conhecido nacionalmente como um dos sete “aloprados”, é classificado de lobista. Segundo a PF, ele buscava beneficiar empresas com repasses de percentual sobre os contratos fechados. Os dois foram presos na Operação Hygeia.

Conforme o relatório da PF, Valdebran garantia o pagamento de um empréstimo com recursos federais que nem mesmo haviam sido liberados. No diálogo, ele e Carlos de Miranda demonstram ter ligação e influência para liberação de verbas junto a Silval Barbosa e Pedro Henry. “Segundo se infere do diálogo, Silval Barbosa, então vice-governador, teria garantido à Marilena a liberação desses recursos”, narram os investigadores da PF, num trecho do pedido de prisão contra 35 integrantes da suposta organização criminosa.

Durante as investigações, os policiais identificaram a participação de pelo menos 17 servidores públicos ligados à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a prefeituras no Estado. Ao todo, foram expedidos 75 mandados de busca e apreensão e 35 de prisão temporária, que expiram neste domingo (11). A maioria dos envolvidos está "atrás das grades", inclusive Valdebran e Carlos de Miranda.

Leia o diálogo completo clicando aqui RD NEWS.

RD News/Simone Alves

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