Ministro do Turismo decide entregar cargo, diz líder do PMDB na Câmara

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), disse nesta quarta-feira (14) que o ministro do Turismo, Pedro Novais, decidiu entregar o cargo. Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério do Turismo ainda não confirma a queda.


Segundo o parlamentar, Novais está se dirigindo ao gabinete da presidente Dilma Rousseff para apresentar sua renúncia. A saída foi acertada em uma reunião no Palácio do Planalto com a presença do vice-presidente, Michel Temer. O encontro teve início pouco depois das 17h e durou menos de uma hora.

Alves afirmou que a decisão de pedir demissão partiu do próprio Novais, que, segundo o líder, não estaria mais suportando o excesso de denúncias contra ele.

- Foi uma decisão dele própria que o partido, solidário a ele, acata e respeita. Ele disse que vai responder a todas elas [denúncias], mas que isso vai demandar aborrecimento, constrangimentos e tempo. E ele não quer que o Ministério do Turismo seja prejudicado e paralisado em um momento importante para o Brasil.

O deputado deixou a reunião e voltou ao Congresso para discutir um substituto para o Turismo. De acordo com Alves, o anúncio do novo ocupante do cargo caberá exclusivamente à presidente. Ele adiantou, porém, que “seguramente será um parlamentar da Câmara”, a exemplo do próprio Novais.

- Estou indo à Câmara conversar com a bancada, já que esse é um espaço que a presidente Dilma ofereceu ao PMDB. Logo mais trago para o vice-presidente Michel Temer algumas alternativas para que a presidente Dilma possa indicar o substituto. As alternativas sairão hoje, mas a escolha, o momento e a hora, fica a cargo da presidente. Com certeza será um deputado.

Pedro Novais se viu em meio a uma nova polêmica após denúncias de que teria usado dinheiro público para pagar uma empregada de sua casa.

Seu destino começou a ser selado ainda durante a manhã, quando ouviu de lideranças do PMDB que não teria mais apoio para permanecer no comando da pasta. Fontes do governo disseram que a situação de Novais, já considerada delicada, havia ficado "insustentável" com as últimas denúncias.

A mais recente crise envolvendo o ministro do Turismo eclodiu na terça-feira (13), depois que o jornal Folha de S.Paulo revelou que ele teria usado verbas da Câmara para pagar o salário de uma governanta que trabalhava em sua residência. Naquela época, entre 2003 e 2010, ele exercia o mandato de deputado federal.

Embora desempenhasse funções domésticas, Doralice Bento de Sousa recebia remuneração de secretária particular do parlamentar.

Hoje, em uma nova reportagem, a Folha informou que um servidor da Câmara teria trabalhado como motorista particular da mulher de Novais, Maria Helena de Melo. 

Segundo a denúncia, o funcionário Adão dos Santos Pereira foi contratado pelo gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA), mas nunca trabalhou ali. Pereira foi exonerado ontem, quando se soube que a reportagem seria publicada. 

Em nota, Novais disse ao diário que ele foi seu motorista até dezembro, quando deixou o mandato parlamentar para trabalhar no governo.

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), que estava em São Paulo hoje de manhã para se recuperar de uma intoxicação alimentar, conversou com Dilma e recomendou à liderança do partido na Câmara que conduzisse a demissão.

A presidente, porém, foi cautelosa ao falar do assunto. Dilma foi questionada ao participar de um evento da área de educação em Brasília e falou que gostaria de conversar com Novais antes de tomar qualquer decisão.

- Primeiro a gente pede as explicações cabíveis. Eu voltei hoje de São Paulo e hoje vamos encaminhar isso, avaliar qual é a situação, e avaliar as medidas cabíveis de forma muito tranquila. 

Motel

O ex-ministro do Turismo já causava polêmicas antes mesmo de assumir o cargo. Em dezembro do ano passado, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que ele havia usado verba da Câmara para pagar despesas em um motel de São Luís, a capital do Maranhão, seu Estado.

Com a repercussão do caso, ele devolveu o dinheiro. Dilma, apesar da denúncia, decidiu mantê-lo na equipe. Novais foi indicado ao cargo pela bancada do PMDB da Câmara e tem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como padrinho político.

O Ministério do Turismo também esteve envolvido em denúncias de corrupção. No dia 9 de agosto, a Polícia Federal prendeu 36 pessoas durante a operação Voucher. As investigações apontaram desvios de R$ 4 milhões. O dinheiro seria destinado a contratos firmados entre a pasta e o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável).

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