Falta de funcionários no Indea pode provocar surto de febre aftosa

Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do Brasil com quase 30 milhões de cabeças de gado e quem controla as doenças e pragas é o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea), agora com apenas 500 funcionários. No município de Novo São Joaquim, só há dois servidores e eles precisam cuidar da parte administrativa e acabam não conseguindo acompanhar a vacinação.


Por conta da defasagem da mão-de-obra, o presidente do sindicato rural e secretário de Governo do município, Carlos Royttmen, acredita que uma epidemia de aftosa pode se alastrar em Mato Grosso. "Isso é uma sementinha dentro do oceano, se não for tomada uma providência, vai acabar tendo uma epidemia, porque não tem trabalho preventivo, é muito precário em relação a saúde animal", alertou.

Royttmen conta que já ligou inúmeras vezes para o Indea e reclamou da situação, mas, segundo ele, a resposta do instituto é que realmente faltam servidores. Segundo ele, os próprios funcionários confidenciam que não têm como resolver o problema. "Quero ver quando as pessoas não puderem comer seu bife", desafiou o sindicalista, em referência ao que classifica de burocracia do Governo do Estado para empossar concursados.

O secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Zé Domingos Fraga (PSD), reconheceu o déficit de trabalhadores no órgão e o transtorno gerado, lembrando que o problema não existe apenas em Novo São Joaquim, mas em nove escritórios, sem técnicos e relegados à assistência de profissionais de cidades próximas.

Ao mesmo tempo em que reconhece a falta de recursos humanos no Indea, o secretário evita se indispor com o governador Silval Barbosa (PMDB) e sai pela tangente quando questionado sobre o possível surto da aftosa no Estado, como prevê o sindicato rural. "O Indea cumpre seu papel de defesa, da concientização, educação do produtor. Eles estão conscientes dessa questão, que não é só saúde mas também econômica", apontou Fraga.

Ele culpa o Ministério Público pela falta de servidores. "Até o ano passado, o Indea tinha mais de mil funcionários e vários termos de cooperação técnica, mas o MP entrou com ação interferindo e proibindo contratos", justificou Fraga, lembrando que a determinação gerou uma demissão em massa e que agora os cerca de 500 servidores têm que se desdobrar para atender à demanda.

Ele também justificou a falta de planejamento na Defesa Agropecuária dizendo que não dá para acompanhar o ritmo de crescimento do setor. "Agora, não podemos negar que nosso corpo técnico não acompanha a evolução, com a extensão de Mato Grosso e o crescimento do bovino no Estado que chega a 1 milhão por ano", pontuou.

Concurso

Fraga lembrou que o governador prometeu que a partir de março vai começar a chamar os aprovados no último grande concurso público do Estado. São quase 150 novos profissionais, que já deveriam ter tomado posse. Segundo o secretário, o ideal seria ate 400.


Glaucia Colognesi e Gabriela Galvão

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