Tucano diz que má gestão no Governo facilita corrupção e desvio de dinheiro

A atual forma de administrar o Estado de Mato Grosso propicia a corrupção e o desvio de dinheiro público. Foi o que afirmou o presidente do PSDB regional, deputado federal Nilson Leitão, em entrevista ao HiperNoticias, acrescentando que o desequilíbrio financeiro, alegado pelo governo, é uma afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e, por isso, é assunto mais que suficiente para uma investigação profunda do Ministério Público Estadual.


“Eu não tenho dúvidas que há desvio de dinheiro público, mas não quero dizer que todas as pessoas são corruptas ou que o governador é corrupto, eu acredito que há uma má gestão do governo e isso contribui para que a corrupção exista, como por exemplo, quando se compra de forma errada um produto, como no caso das Land Rovers, com valores superfaturados, quando se paga caro por um prato de comida para um presidiário, ou seja, os detalhes se perdem na gordura e essa gordura se chama má gestão”, disse Leitão.

O tucano fez questão de enaltecer que o atual modelo de gestão não tem características somente do governo Silval Barbosa (PMDB) e que “já vem desde 2003, quando o Blairo ( Maggi) assumiu”.

Nesse sentido, Leitão se disse estupefato quando vê que Mato Grosso teve sua economia aumentada em níveis acima da média, nos últimos anos e, ainda assim, alega desequilíbrio financeiro e falta de recursos para investimento.

“Como que um Estado que arrecadava três bilhões de reais em 2002, passa a arrecadar praticamente 14 bilhões de reais e não tem nenhum hospital novo aberto, não tem qualidade nas escolas, onde todos os anos tem greve de servidores”, questionou.

Alegação usada pelo governo do Estado para justificar as dificuldades nas finanças, como o não repasse da União em relação à Lei Kandir e a crise internacional, também não são, segundo o parlamentar, argumentos plausíveis que justifiquem o desequilíbrio.

“Onde tem crise internacional num país e num Estado que só aumentam sua arrecadação a cada ano, cadê a crise?”, indagou, apontando que o Estado “é campeão do PIB (Produto Interno Bruto) em praticamente todos os anos, desde a era Dante de Oliveira (ex-governador tucano, já falecido, que comandou o Estado de 1995 a 2002)”.

Comandando um partido que atualmente faz oposição ‘tímida’ à gestão Silval Barbosa, com apenas um deputado titular na Assembleia Legislativa (Guilherme Maluf), Nilson Leitão tenta organizar o PSDB para as eleições municipais de 2012, com objetivo de retomar as forças tucanas, no sentido de ter maior musculatura político-partidária para emplacar candidatura própria à sucessão estadual em 2014.

MAIS CRÍTICAS

Pregando que Dante deixou as finanças do Estado em dia para o sucessor Blairo Maggi (à época no PPS), o dirigente o PSDB ainda condenou o “empreguismo” nos últimos dois governos, o que comprometeria o equilíbrio da máquina e a qualidade dos serviços prestados à população.

“Quando o Blairo assumiu em 2003, já existia a Lei de Responsabilidade Fiscal, que já exigia que o governo anterior, no caso Dante e Rogério (Salles, ex-vice governador), deixasse equilíbrio econômico e financeiro no Estado, o que aconteceu. Blairo pegou o Estado com dinheiro na conta, com saldo na conta, com saúde financeira, os cargos de confiança que existiam no governo anterior para esse praticamente quadriplicaram”, comparou, ainda avaliando que o inchaço da máquina por meio desse “empreguismo”, os cargos de confiança que são criados, falta de qualificação no serviço público “são as a somatórias para a gestão, que fazem a situação financeira engessar o Estado”.

Ainda sobre a existência de corrupção no governo, Nilson Leitão observou que circula muito dinheiro no Estado, o que facilita atos ilícitos. “Mato Grosso arrecada demais, isso encheu os olhos de muita gente séria que entrou no governo e acabou se corrompendo pelo volume de coisas que existia, foi o canto da sereia e, percebendo que iriam se dar bem, esqueceram o mais importante que é resultado de obras públicas”, afirmou, sem citar nomes, apenas sinalizando que “tem gente que foi seduzida, outros já foram seduzidos e demitidos e outros estão sendo processados”.

Para o tucano, o Estado não está quebrado e que a economia de Mato Grosso é sempre crescente porque “o mundo colabora para isso, principalmente nas comodities”.

Ele sugeriu ainda que o governador Silval Barbosa aproveite a Copa do Mundo, que acontecerá em Cuiabá, que é subsede, para capitalizar as oportunidades existentes. “Ele (Silval) devia viajar, vendendo Mato Groso para atrair mais investimentos, mas ele tem passado 70% de seu tempo apagando fogueira, de contratos mal feitos, licitações irresponsáveis, compras com sobrepreço e com isso não sobra tempo para ele gerir nosso Estado”, completou.

OUTRO LADO

Para o secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado, José Lacerda, não procede as denúncias e que todas as medidas administrativas foram tomadas pelo governador para manter o equilíbrio fiscal.

“Sempre que você adota emendas mais duras, coletivas quanto à situação econômica existem algumas reações, mas o Estado está cumprindo a Lei de Responsabilidade fiscal”.

Entre as medidas “duras”, são 36 ações e 16 atividades em todas as áreas para redução de gastos públicos e na melhoria da receita.

Já o líder do governo na Assembleia, Romoaldo Júnior, alegou que Leitão está fazendo seu papel de oposição, mas de “oposição caolha”, pois Silval tem feito todos os esforços para manter equilíbrio.

“Agora se ele informações de corrupção ou propinagem, desvio de dinheiro, ele tem que denunciar urgentemente no Ministério Público e o governo Silval não vai aceitar isso em sua gestão”, disse.

O líder ainda fez questão de frisar que há diferenças sim entre a atual gestão e do ex-governador Blairo Maggi,

“O Blairo fez sim um bom governo, mas pecou na Saúde e no Social e o Silval está trabalhando no sentido de fazer um governo também nessas áreas, já providenciou o Hospital Metropolitano em Várzea Grande, está assumindo o Hospital Regional de Alta Floresta, o Hospital das Clínicas em Cuiabá, já chamou novel mil aprovados em concurso em um ano de mandato, além de ter promovido reparação salarial da maiorias das categorias do servidores públicos”, frisou.

Já quanto ao ex-governador e atual senador Maggi (PR), em recente entrevista, ele disse que a prova maior de que sua gestão foi equilibrada nos seus sete anos de governo, são os balancetes que foram todos aprovados pelo Tribunal de Contas. “Tem que ter a responsabilidade de, antes de falar, conferir os documentos”, disse à ocasião.

Fonte: HiperNotícias

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