Polícia Civil suspeita que vazamento de informações comprometeu prisão de Lutero Ponce

O vereador de Cuiabá, Lutero Ponce de Arruda (PMDB), teve sua prisão decretada hoje {segunda-feira, 29.06} pela Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC) – que abriu inquérito para investigar rombo na câmara municipal durante o período em que o parlamentar presidiu a Mesa Diretora. A PJC estima que, entre 2007 e 2008, as fraudes apuradas somam cerca de R$ 7,5 milhões.
A detenção de Lutero (considerado pela PJC como o mandante dos crimes apurados) foi decretada junto com outros 10 mandados de prisão temporária e mais um em caráter preventivo, todos a mando do juiz da 15º Vara Criminal de Cuiabá, José Arimatéia Neves. Os réus são servidores do legislativo e empresários, pois a Polícia Civil desconsidera a participação de outros parlamentares no esquema.
Mas até agora, apenas dois empresários foram presos – sendo que o vereador e os sete ainda não encontrados estão sendo considerados foragidos da Justiça. As informações foram repassadas em entrevista coletiva concedida na tarde de hoje pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Administração Pública.
Segundo a Delegacia, os mandados foram expedidos ontem a noite (28) para serem cumpridos nesta segunda-feira, preservando assim o sigilo da operação. Mas a suspeita é que houve vazamento de informações, por isso a dificuldade em efetuar as apreensões, inclusive a de Lutero. Os únicos dois empresários detidos estão colaborando com as investigações.
A maioria das fraudes verificadas está relacionada a licitações, as quais apontaram prática de falsificação de documentos por empresas que participaram dos certames e acerto prévio dos vencedores – usando a pluralidade de companhias participantes apenas como fachada para maquiar o direcionamento das licitações.
Outra irregularidade que chamou a atenção da Polícia foi um gasto de R$ 15 mil com lava jato em apenas 60 dias – o que seria suficiente, segundo as investigações da PJC, para fazer a limpeza de 500 veículos.
Na coletiva, a Delegacia Fazendária informou que já tem provas suficientes para concluir o inquérito, pois 95% das investigações já foram finalizadas. Ainda não há informações sobre o dano financeiro que as fraudes provocaram ao erário público – sendo que o valor de R$ 7,5 milhões refere-se apenas ao montante envolvido nas irregularidades.
O inquérito está sendo conduzido por uma equipe de cinco delegados fazendários: Luísa de Fátima Machado, Maria Alice de Barros Amorim, Hilton Massao Ohara, Rogério Atílio Modelli e Lindomar Aparecido Topolli.

CAIXA ELETRÔNICO – A Polícia Judiciária Civil também suspeita que há ligação entre as investigações e o roubo do Caixa Eletrônico da câmara municipal ocorrido no último dia 10 de junho, pois além do dinheiro, foram furtadas duas caixas de documentos da sala do vereador Lutero Ponce.

por Izabela Andrade & Fabrício Salomão / VG Notícias

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