Produtores de Cláudia estão preocupados com criação de unidade permanente de preservação ambiental

Tirar dúvidas e saber como andam os trabalhos da Comissão Especial do Zoneamento Sócio-econômico e Ecológico de Mato Grosso (ZSEE). Esses foram os principais assuntos discutidos durante uma reunião realizada no município de Claudia, localizado cerca de 90 quilômetros de Sinop. O presidente da comissão, deputado Dilceu Dal Bosco (DEM), detalhou aos produtores como a bancada vem trabalhando na elaboração das diretrizes que irão nortear o projeto, que trata sobre o zoneamento do todo o estado.

A reunião foi convocada pelo vereador João Batista Morais de Oliveira (DEM) depois que os parlamentares receberam um comunicado de que a aprovação do zoneamento aconteceria conforme proposta apresentada pelo governo. A preocupação dos produtores é quanto a criação de uma unidade de conservação permanente, sugerida pelo estado, que atingiria cerca de 43% do município, ou seja, quase a metade da extensão territorial de Cláudia deixaria de produzir. “Estávamos com medo que o zoneamento fosse aprovado dessa forma, pois isso inviabilizaria todo o município”, destacou. “Nossa preocupação é quanto essa pressão dos grandes produtores que já desmataram tudo e não tem onde definir como área de preservação e regularizar seus passivos, conforme determina o programa MT Legal. Nosso medo é quanto essa pressão”, ressaltou.

O MT Legal é um projeto que mapeia e estrutura os passivos ambientais (áreas de preservação) de áreas já desmatadas, além de garantir a preservação de áreas que compõe as matas ciliares e nascentes.

Para o prefeito Vilmar Giachini (PMDB), “é preciso que seja feito uma revisão na criação da unidade, pois caso o zoneamento seja aprovado como está, sem novas diretrizes que venham beneficiar os produtores, inviabilizará o crescimento do município e muitos serão obrigados a deixar de produzir”.

O produtor Denez Berticelli é um deles. Há seis anos ele produz soja e milho na região e os quase dois mil hectares que possui estão dentro da área de preservação. O produtor lembrou que Mato Grosso é um exemplo em áreas de preservação e, criar novas unidades, inviabilizará não apenas a região, mas todo o Estado. “Do total das minhas áreas, mais metade está intacta”, citou como exemplo. “Hoje Mato Grosso é um exemplo para mundo, temos muitas áreas preservadas, entre reservas indígenas, parques nacionais, enfim, que somadas são bem maiores do que o explorado. Então porque criar mais áreas de preservação o que nós temos já é mais que suficiente”, disse indignado.

O deputado Dilceu Dal Bosco reforçou aos produtores que é “contra a criação de novas unidades de preservação” e que “não irá aceitar a pressão de pessoas e outros estados e que Mato Grosso pague a irresponsabilidade de quem já desmatou tudo e agora não tem áreas passivas de reserva ambiental”. Segundo ele, cerca de 64% da extensão territorial estadual é de cobertura vegetal intacta.

O parlamentar adiantou aos produtores que a comissão deverá ir a Brasília e discutir com a Comissão Especial do Código Ambiental Brasileiro o prazo para aprovação do novo código. Caso não haja uma data definida para a votação, Dilceu Dal Bosco assegurou que o prazo para votação do projeto de zoneamento de Mato Grosso possa ser dilatado. “Se eles (deputados federais) disserem que vai ter um prazo de até o final do ano ou no ano que vem (para votação e aprovação), daqui a pouco nós temos que repensar o nosso zoneamento”, frisou referindo-se a possibilidade de haver mudanças no projeto estadual. “Tudo o que nós discutimos vai valer”, assegurou tranquilizando os produtores de que irá lutar para que o zoneamento seja aprovado de forma que não prejudique o setor produtivo.

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