Política e Futebol

A cada quatro anos o Brasil para diante das TVs para assistir aos jogos da Copa do Mundo. Comércio fechado, Poderes Públicos paralisados e um prejuízo incalculável, que torna-se pequeno ao saírmos às ruas e flagrarmos o patriotismo, escancarado pelas bandeiras, camisetas e uma infinidade de artigos verde e amarelo.
Este espírito festivo, que dura pouco mais de 30 dias, não se estende até as eleições estaduais, realizada três meses após o fim dos jogos e cujo resultado implementará, entre outras coisas, a realização da Copa de 2014 em nosso país. Diante deste quadro, voltamos à máxima de que brasileiros satisfazem-se com pão e circo, mas será que isso é realmente verdade?
Eu creio que não. Mas que uma atividade esportiva, o futebol, para nós, brasileiros, é símbolo de vitória, a melhor oportunidade de provarmos ao mundo que não somos apenas um país pobre, subdesenvolvido, mas uma nação talentosa, unida e feliz, apesar de todos os problemas sociais.
E mais, torcer por nossos craques em nada interfere na escolha de nossos representantes. Essa história de que a eleição é estrategicamente realizada em ano de Copa do Mundo para esconder o jogo político não cola mais. Pelo contrário, os jogos desaceleram os gastos políticos neste período, já que o interesse popular tem outro foco. São momentos importantes e distintos.
O fato de não nos agarrarmos à bandeira nacional para votar, nada tem a ver com patriotismo, este, está em nossa escolha, na dedicação de acordarmos cedo e comparecermos as urnas, enfrentando filas quilométricas e calor escaldante. Na grande adição dos jovens de 16 anos ao processo eleitoral e, principalmente, na sensação do dever cumprido.
Nossa maturidade política e, por que não classificar como patriotismo, pode ser observado neste momento, em que a pressão popular culminou com a aprovação do projeto ficha limpa.
Mas, voltando a Copa do Mundo, a vitória pouco convincente do Brasil em cima da fraca Coréia do Norte, nos encheu de esperança e confiança de que podemos chegar lá. E mais, nesta copa a alegria contagiante dos africanos faz-nos sentir à vontade, de volta as nossas origens.
Através desse contato conseguimos atestar que o famoso “ jeitinho brasileiro” é na verdade, muito africano, Graças a Deus! É evidente que os Bafana Bafana, mesmo sem a categoria das tradicionais seleções, têm muita semelhança a equipe brasileira, na molecagem ao entrar em campo, nas comemorações e naquele sorriso sincero. Realizar a Copa do Mundo na África, mesmo sem a infraestrutura costumeira dos países europeus e asiáticos, é mais que uma competição, é a comemoração da liberdade e da união dos povos.
O Apartheid que sacrificou muitas vidas, hoje virou história. Muito mais que ser sede de um grande evento mundial, a África é a representação viva de que a luta, por mais difícil que seja, terá seu dia de glória. E o barulho irritante das vuvuzelas, diante de tantas desigualdades sociais, é a prova de que podemos mais e melhor em todas as situações.
Que venha Costa do Marfim e Portugal, que venham eleições. O povo brasileiro está sempre pronto e disposto, sabendo definir quando e o que quer. 

Dilceu Dal'Bosco
Deputado Estadual pelo Democratas/MT

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