Câmara aprova antecipação da eleição da mesa e cria 'racha' no PR

De Rondonópolis - Dayane Pozzer

A Câmara Municipal de Rondonópolis aprovou, nesta quarta-feira (27) em segunda votação, a antecipação da eleição da mesa diretora do dia 20 de dezembro para o dia 3 de novembro. A proposta já havia sido votada na semana passada, mas precisava de mais uma votação para ter validade. A decisão provoca um “racha” no PR dentro do Legislativo, pois o vereador Ananias Filho (PR) compôs com mais oito vereadores, alguns do PMDB, a sua candidatura. No entanto, em um acordo formado em 2008 ficou decidido que Olímpio Alvis (PR) seria o candidato à presidente da mesa e a atitude de Ananias está sendo considerada como traição por Olímpio e por Mohamed Zaher (PR), que também foi contra a antecipação e é contra a candidatura de Ananias.

O grupo que pretende eleger Ananias, que hoje é primeiro-secretário da Câmara e presidente da Comissão Provisória do PR no município, é composto pelos republicanos Hélio Pichioni e João Gomes, pelos peemedebistas Lourisvaldo Manoel de Oliveira, o Fulô, Adonias Fernandes, Mariuva Valentin Chaves e Manoel da Silva Neto, além de Chico Lima Tur (PPS) e Cido Silva (PP). Na composição da mesa diretora na chapa de Ananias, Fulô ficaria como primeiro-secretário, Mariuva como segunda-secretária e Cido Silva ou Pichioni como vice-presidente.

O vereador Milton Mutum, também do PR, votou inicialmente a favor da antecipação da eleição, mas na seção ordinária de hoje não esteve presente. Para Alvis, se Ananias tivesse mostrado razões para ser o candidato do partido com antecedência, ele até poderia discutir o assunto. Mas da forma como agiu, considera que o colega não foi correto. “Sinto descontentamento com a posição do companheiro, mas não vou brigar contra o impossível”, citou. Olímpio ainda afirmou estar muito chateado não só por Ananias articular a candidatura, mas também por não ter conversado sobre uma possível composição da mesa com a presença dos dois.

O republicano não desconsidera sua saída do partido devido ao não cumprimento do acordo, mas também não sabe ainda se tomará essa decisão. “Se dissesse hoje que sim ou não estaria mentindo. Na época certa vamos analisar as possibilidades”, declarou Olímpio, que também acredita que sendo presidente da Casa teria condições de alavancar seu nome para outras eleições. “Na parte de mudanças que precisam na Câmara, relacionamento com os servidores, entre outras coisas, eu daria um show e isso me alavancaria”, definiu.

Mohamed, sempre mais polêmico, chamou Ananias de traidor e afirmou que a antecipação da eleição é por medo do outro grupo que mais uma chapa seja formada. “Disseram que o acordo não tinha valor por não ter sido assinado, mas acordo verbal com testemunhas também tem valor jurídico. Seria a vez do Olímpio (disputar a presidência) porque deu empate e ele é o mais idoso. Não fui respeitado como líder da bancada, como o homem e empresário que sou. O vereador (Ananias) não deu satisfação, foi um desrespeito com o partido e me senti totalmente traído”, externou.

O líder do PR na Câmara disse ainda que considera a atitude como de ditadura e que o objetivo do PMDB é o de dividir o PR para o partido perder força. “Pra mim isso é ditadura, deve ser um desejo de acabar com o PR. Mas se ele (Ananias) tem todo esse poder, a quem posso recorrer? Se (PMDB) tivessem a maioria (no Legislativo) eles nunca iriam fazer acordo. O objetivo deles é dividir o PR. Parabéns ao vereador Fulô, ao Adonias, que conseguiram rachar o PR”, pontuou. Sobre a possibilidade de deixar a sigla, Zaher disse que por enquanto não pensou nisso, mas se não for respeitado como liderança, homem e empresário, defende que precisa procurar outro partido. 

Para Fulô, o PMDB apenas procurou o espaço que não tinha. “Qualquer parlamento do mundo é eclético, só aqui em Rondonópolis que não pode ser”, defendeu. Ananias, pivô de toda a situação, colocou que é um equívoco Mohamed achar que ele passou por cima de todas as lideranças. “Sou humilde o suficiente para saber da minha insignificância dentro do partido. Jamais tripudiaria qualquer decisão dos meus companheiros. O que aconteceu foi uma discussão, acho que o que ele (Zaher) queria era estar no meu lugar. Tanto que quem queria o Olímpio era o Mohamed”, declarou.

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